quinta-feira, 12 de outubro de 2017

Havia verde para todos os lados. As lâminas de grama balançavam como se estivessem em festa por sua presença ali, e, embora isso obviamente não fosse verdade, isto lhe dava certo conforto. De repente espirrou, três vezes, compassadamente, e estava de volta ao quarto escuro que cheirava à madeira. Sorriu à ideia de ter estado como que num sonho acordado, completamente tomado. Quantos minutos teria durado? Não era a primeira vez que acontecia, era na verdade algo comum, "algumas pessoas vivem metade neste mundo, e… metade em tantos outros, não?", teria dito certa vez a um entregador qualquer que quase o atropelara enquanto caminhava lentamente pela estrada, seguindo seu caminho, seu trabalho, certamente, mas também para observar os melros voando baixo, e de vez em quando, as andorinhas ao longe, sempre ao longe. 

Mas, mais uma vez estivera sonhando, e haviam coisas a serem feitas. Sempre haviam. Embora acreditasse que a vida fosse "aquilo que fazemos quando as obrigações do dia não nos importunam".
Lembrou de pegar a carta e os documentos, e saiu fechando a porta do quarto, sempre escuro.

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